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terça-feira, 24 de maio de 2011

Grécia Antiga - Parte 7: Educação Ateniense

Vimos que Esparta tinha como filosofia educacional formar guerreiros dispostos a matar e morrer pela sua cidade. Para isso, educava tanto homens e mulheres nas artes da guerra e dentro do mais rigoroso patriotismo e espírito de sacrifício e obediência.
No caso de Atenas, a própria organização social da cidade exigia de seus cidadãos algo mais que apenas obedecer e lutar.

Como berço da democracia, Atenas exigia de seus cidadãos o mínimo preparo necessário para dar conta das demandas que um regime democrático impõe aos seus cidadãos, que é o debate e a tomada de decisões.

Para isso, os atenienses davam aos seus filhos uma educação bem mais flexível que a espartana na qual buscavam desenvolver nos seus cidadãos as mais diversas habilidades num conjunto afinado de conhecimentos artísticos, intelectuais e sensoriais.

Vejamos abaixo as etapas da educação em Atenas:      

  • Até os sete anos, os meninos eram educados em casa na convivência dos seus. A partir daí, começavam a receber educação elementar composta de música e alfabetização. Essa educação era dada pelos tutores, mestres que transmitiam conhecimento aos filhos das famílias mais ricas.
  • A partir dos trezes anos, os mais rios começavam a ser educados em grandes ginásios, locais nos quais os meninos eram reunidos para estudar, entre outras áreas, a matemática e a filosofia. Aí também recebiam educação cívica e educação física. Para os menos abastados, a idade de treze anos marca o início do aprendizado de uma profissão.
  • Dos dezesseis aos dezoito anos, os jovens atenienses recebiam treinamento militar.
  • Após o final do treinamento, a elite continuava seus estudos nas academias, como a de Platão, e refinavam ainda mais seus conhecimentos em filosofia, oratória e política.
As mulheres de Atenas, quando comparadas com as espartanas, dispunham de pouquíssimo prestígio, estando a apenas um degrau dos escravos na escala social. Por conta disso, ninguém esperava que uma menina ateniense aprendesse a ler ou escrever, muito menos receber educação como os meninos. Chegava-se a dizer em Atenas que ensinar uma mulher a ler e escrever era como dar mais veneno a uma víbora!

Elas deveriam se doar ao máximo a seus maridos e filhos e, dessa forma, abdicar quase que totalmente de seus interesses e vontades. Cuidar do lar, monitorar o crescimento de seus filhos e devotar integral fidelidade ao marido passava a ser a vida de qualquer mulher grega.

Divididas em três classes, a elas restavam as tarefas de escravas, esposas dos cidadãos e cortesãs. As escravas eram as responsáveis pelas tarefas da casa de sua dona e ajudavam a cuidar das crianças da casa. As esposas dos cidadãos repetiam após o casamento a mesma submissão ao marido que dedicaram aos pais e irmãos. Deviam ser dóceis e humildes, sempre a disposição dos seus esposos. Eram responsabilidades dessas esposas, além da criação de seus filhos, que cuidassem da casa com o auxílio dos criados (para isso tinham que averiguar o serviço doméstico e orientar os empregados quanto a forma como esse trabalho deveria ser feito), a confecção de tecidos para a criação de peças de vestuário que seriam utilizadas pelos seus próprios familiares, a produção de tapetes e cobertas e a manutenção e embelezamento da casa.

No caso das famílias humildes, a diferença consistia na inexistência de criados para a execução dos serviços domésticos, o que acarretava a necessidade de que esses trabalhos fossem realizados pela própria esposa, inclusive cozinhar, lavar e limpar a casa.

Já as cortesãs aprendiam a ler e escrever e também podia freqüentar espaços públicos, algo impensável para as esposas dos cidadãos, que viviam recolhidas em casa, no gineceu (parte da casa destinada às mulheres), mas apenas porque tinham a função de entreter os poderosos.
“Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas se perfumam, se banham com leite, se arrumam
Sua melenas
Quando fustigadas não choram,
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas,
Cadenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas”
Holanda, Chico Buarque. Mulheres de Atenas. CD Meus Caros Amigos, 1976.

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